JOANA PLAZA PINTO
GRUPO DE PESQUISA (LÍDER)
Perspectivas Linguísticas Contemporâneas sobre Identidade, Subjetividade e Conhecimento
Cadastrado no CNPq: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/8720
PROJETO 1
TÍTULO: Sobre metapragmáticas, subjetivação e redistribuição da materialidade semiótica entre estudantes migrantes
DOCENTE RESPONSÁVEL: Joana Plaza Pinto
RESUMO: Esta pesquisa reflete os resultados de um trabalho de campo etnográfico longitudinal (2016-2022) com estudantes migrantes advindos de países do Sul Global para o Brasil e estudantes migrantes advindos de áreas rurais para a capital onde se localiza a universidade onde atuo. A etnografia vem promovendo a reflexividade semiótica e intersubjetiva, com forte destaque para posições críticas diante de ideologias linguísticas e ordens indexicais e para conexões subjetivas entre corpos vulneráveis aos mesmos contextos. Adotando uma abordagem pragmática materialista e feminista da linguagem e do corpo, esta pesquisa tem por objetivo principal discutir as condições semióticas das relações materiais entre linguagem e corpo em oficinas biográficas entre e com estudantes universitárias(os) em contexto de mobilidade nacional ou transnacional no Centro-oeste brasileiro. A partir do quadro teórico consolidado e das análises realizadas ao longo de três propostas anteriores – 2013-2016 (pesquisa documental sobre migração no Brasil) e 2016-2019 e 2019-2022 (pesquisas etnográficas sobre migração no Brasil), destacaram-se as condições linguísticas de hospitalidade mútua e a redistribuição dos recursos semióticos materiais como problemáticas que precisam ser seguidas para dar consistência ao debate sobre a conexão entre linguagem e corpos em mobilidade. Essas problemáticas também são fundamentais para o compromisso com a experiência etnográfica como uma perspectiva anti-hegemônica nos estudos aplicados (Blommaert & Jie, 2010; Cavalcanti, 2006). Para pensar as conexões corpóreo-linguísticas complexas, dinâmicas e contingenciais que sustentam a vida humana neste pequeno planeta da galáxia em suas ações linguísticas, é preciso um esforço extra para analisar os atos de fala, em múltiplas camadas de eventos, ações, práticas globais e locais, sedimentadas e fluidas, históricas e se movendo em redes complexas de rearranjos diferenciais. Mas também é preciso desafiar criticamente o reducionismo referencial ao “conteúdo semântico” dos atos de fala, suspender a busca por características formais para forças ilocucionárias, confrontar a regularidade de padrões que podem ser suspensos, invertidos, criativamente reformatados sob delicados movimentos. Com base nessa discussão principal, esta pesquisa também visa discutir as consequências dessas condições na distribuição desigual da materialidade semiótica e seus efeitos nos processos corporais de subjetivação, buscando identificar condições linguísticas de hospitalidade mútua nas oficinas biográficas e o potencial de redistribuição dos recursos semióticos materiais. Para cumprir os objetivos, esta pesquisa valorizou as práticas de construção de material etnográfico que promovam interações reflexivas entre estudantes migrantes, especificamente o potencial transformador das metodologias biográficas colaborativas. Considerando como a colonialidade do poder e do saber tem atuado nos territórios com histórico de colonização e escravização de pessoas, como é o caso da colonização das Américas pela Europa e da instauração do modelo universitário euro-americanocêntrico, abordagens metodológicas de oficinas biográficas colaborativas (Busch, 2010; Busch, 2012; Busch, 2017; Keating, 2004; Keating, 2015; Linton, 1997), como tenho feito também com coautoras ao longo dos últimos anos (Dias, 2019; Dias, Pinto, & Gonçalves, 2021), possibilitam a contestação de metapragmáticas e regimes metadiscursivos coloniais, racistas, sexistas, classistas, e, portanto, se mostram uma ferramenta importante para os estudos dessas metapragmáticas e metadiscursos hegemônicos. São formas de produzir registros etnográficos com produções biográficas narrativas individuais e coletivas, com inclusão de produção multimodal escrita e visual, produzindo material linguístico diversificado. Mais especificamente, realizamos em grupo dois tipos de oficinas biográficas que se mostraram complementares para a discussão de práticas linguísticas e vivências cotidianas, a oficina “Retrato linguístico” (Busch, 2010; Busch, 2012; Busch, 2017) e a oficina “Linha da vida”. Além disso, buscamos atender a outras demandas de atividades pelas(os) participantes, conforme suas reflexões realizadas nas oficinas e as dinâmicas cotidianas a que estão ligadas(os) na universidade.
LINHA DE PESQUISA: Linguagem, Sociedade e Cultura
DATA DE INÍCIO: 01/03/2022
SITUAÇÃO DO PROJETO: Em Andamento
NATUREZA DO PROJETO: Pesquisa