Rede Latino-Americana e Caribenha de Pesquisas sobre Feminismos de Terreiros – RELFET
Representante do PPGLL: Tânia Ferreira Rezende
A Rede Latino-Americana e Caribenha de pesquisas sobre Feminismos de Terreiros - RELFET nasce do amadurecimento das pesquisas realizadas por distintas pesquisadoras brasileiras ao longo de suas trajetórias acadêmicas. O conceito de Feminismos de Terreiros, que nucleia teoricamente a rede, foi elaborado por Thais Alves Marinho e Rosinalda Correa da Silva Simoni no grupo de pesquisa Memória Social e Subjetividade/CNPQ no Programas de Pós-Graduação em História (PPGHIST) e em Ciências da Religião (PPGCR) na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Essa noção é inicialmente apresentada durante o VI Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião, organizado anualmente pela Faculdade Est, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Posteriormente, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Faculdades EST, dos Programas de Pós-Graduação em História e em Ciências da Religião da PUC Goiás, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UESB e do Programa de Pós-Graduação em Formação Docente em Práticas Educativas da UFMA, foi organizado um curso de extensão e aperfeiçoamento, intitulado "História e relações étnico-raciais e de gênero: do afrocatolicismo aos feminismos de terreiros", com vistas a atingir estudantes de graduação e pós-graduação, docentes universitárias(os), professores(as) de educação básica, ativistas e público em geral.
Durante a realização do curso, a sinergia entre as professoras participantes e suas pesquisas se tornou evidente, e se reuniram para criação de uma rede de pesquisa, ensino e extensão transdisciplinar. Outras pesquisadoras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho”, Instituto Federal Goiano, Universidad Santo Tomás de Colômbia, passaram a constituir a rede, em função de sua proposta.
As pesquisas, desenvolvidas em rede, investigam a trajetória de mulheres negras, desde a diáspora aos dias atuais, que impactaram suas comunidades, a fim de compor uma proposta de História Entrelaçada. A análise se inscreve numa perspectiva decolonial e busca, a partir da interseccionalidade entre raça, gênero e classe, realizar levantamento bibliográfico, documental e oral (História de Vida e História Oral) sobre a atuação de mulheres negras ao longo do tempo. Nossa motivação, portanto, é verificar em que medida essas ações podem ser compreendidas como um movimento social do cotidiano, indicando a especificidade latino-americana e caribenha de auto-organização dos subalternizados por meio do protagonismo feminino, na direção de ações intencionais de combate à desigualdade social, ao racismo e ao machismo. Para comprovar tal especificidade propomos, a partir da internacionalização do projeto, uma perspectiva comparada com a Colômbia. Apesar do silenciamento sobre a atuação dessas agentes históricas, um levantamento de dados iniciais demonstrou que há contribuições significativas de mulheres negras na religiosidade, na política, na economia, na educação, na literatura em diferentes momentos e contextos históricos. Alguns nomes como os de María Remedios del Valle (Argentina), Sanité Bélair (Suzanne Bélair - Haiti), Martina Carrillo (Equador), Solitude (Guadalupe), Amy Ashwood Garvey (Jamaica), Acqualtune, Dandara, Luiza Mahin, Maria Firmina dos Reis, Eugênia Anna dos Santos, Laudelina de Campos Mello, Benedita Cipriano Gomes, Leodegária de Jesus, dentre tantas outras reforçam nossa hipótese. No entanto, o intuito é visibilizar lideranças de toda América Latina e Caribe para compor uma proposta de educação histórica plural.